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Leandro Antunes: O Abandono da Zona Oeste e a Invisibilidade das Pessoas em Situação de Rua

Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, 20 de abril de 2025
Por Leandro Antunes
A Zona Oeste do Rio de Janeiro, apesar de representar quase 75% do território da cidade e abrigar milhões de cidadãos trabalhadores, segue sendo uma das regiões mais esquecidas pelo poder público. Em meio a tantas carências estruturais — como a falta de saneamento, transporte eficiente, segurança e saúde — cresce também uma realidade dura e, muitas vezes, invisibilizada: o aumento expressivo da população em situação de rua.
Não se trata apenas de números frios. São vidas humanas abandonadas à própria sorte nas calçadas, praças, terminais de ônibus e, mais recentemente, dentro das agências bancárias. Quem circula pela Zona Oeste sabe: é cada vez mais comum encontrar moradores de rua dormindo no interior de caixas eletrônicos, buscando abrigo contra o frio e a violência das ruas. A cena, que deveria chocar, tem sido encarada com indiferença por muitos — e ignorada por quem deveria agir.
Segundo o censo municipal de 2022, mais de 7.800 pessoas vivem atualmente em situação de rua na cidade, sendo que as zonas Norte e Oeste concentram o maior crescimento dessa população. A maior parte são homens negros, em idade economicamente ativa, afastados do convívio familiar e vítimas do desemprego, da dependência química ou de traumas emocionais profundos.
O que mais assusta é a naturalização desse abandono. A população de rua deixou de chocar e passou a fazer parte da paisagem urbana, como se fossem invisíveis. E na Zona Oeste, onde os serviços públicos já são escassos, a assistência a essas pessoas é quase inexistente. Falta estrutura, falta política pública, falta vontade.
Não podemos fechar os olhos. A responsabilidade é coletiva, mas a liderança precisa vir dos gestores públicos, que devem olhar para a Zona Oeste com o mesmo empenho que dedicam a regiões mais centrais. É preciso garantir acesso à moradia digna, políticas de saúde mental, capacitação profissional e reintegração familiar. Mais do que isso, é preciso restaurar a dignidade.
Enquanto não houver ações concretas e contínuas, seguiremos convivendo com uma ferida aberta em nossa sociedade. E cada vez que passarmos por alguém dormindo ao relento — ou dentro de um caixa eletrônico — teremos de nos perguntar: que cidade estamos construindo, e para quem?
Leandro Antunes – Presidente do Rotary Club de Bangu